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Arte, Ciência e Ativismo em convergência: estratégias criativas para disseminação científica feminista
In M. M. Baptista, A. R. A. de Almeida, & H. C. G. Ferreira (Orgs.), Culturas, ativismos e mudanças culturais (pp. 237-246). Centro de Línguas, Literaturas e Culturas - CLLC.Este artigo pretende explorar a interseção entre arte, ativismo e ciência, refletindo sobre como estas áreas podem contribuir para promover mudanças sociais. A arte e o ativismo são importantes ferramentas para abrir espaços de fala para pessoas marginalizadas e comunidades vulneráveis, bem como para disseminar e amplificar os resultados de investigações científicas, tornando os conceitos e resultados de projetos académicos mais acessíveis a públicos diversos. O projeto de investigação FEMglocal – Movimentos feministas globais: interações e contradições tem como objetivo recuperar a memória histórica dos feminismos em Portugal e analisar as invisibilidades que os movimentos feministas têm enfrentado no país. Para ampliar o alcance dos seus resultados, dando-lhes visibilidade e chegando a públicos para além do meio académico, o projeto tem vindo a investir na criação de outputs diversos e criativos que combinam, justamente, o poder da arte, ativismo e comunicação. O podcast Feminismos em Ação surge como uma plataforma de discussão crítica sobre o ativismo feminista, tanto local como global, e como repositório da História dos movimentos feministas em Portugal. O documentário FEMglocal, por sua vez, apresenta uma narrativa interseccional dos feminismos no país, revelando estórias e vozes esquecidas, ou invisibilizadas. Ambos os meios visam inspirar o pensamento crítico, promover o diálogo e contribuir para um futuro mais inclusivo no que diz respeito à igualdade de género e aos direitos humanos. Reconhecendo o poder do artivismo, que conjuga a imaginação artística com o envolvimento político, este artigo reflete sobre as funções do artivismo como meio de disseminação científica e como catalisador de mudanças sociais e culturais.
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(De)constructing masculinities in newsmagazines in the #MeToo era #MeToo
In I. Amaral, R. B. de Simões, & S. J. Santos (Eds.), Renegotiating masculinities in European digital spheres (pp. 35-53). Routledge.Tendo surgido como um movimento feminista digital no Twitter, o #MeToo desencadeou debates sobre o assédio sexual e a violência contra as mulheres, promovendo reflexões críticas sobre as dinâmicas de poder de género subjacentes e as concepções dominantes de masculinidades hegemónicas. Este capítulo analisa como as masculinidades são discutidas na cobertura dos media mainstream portugueses sobre o movimento #MeToo, com especial destaque para ojornalismo de opinião nas revistas Sábado e Visão. A partir de uma análise temática de 16 artigos de opinião, foram identificados dois temas principais: Modelos de Masculinidades e #MeToo: uma “revolução”. Os nossos resultados apontam para uma atenção limitada às discussões sobre masculinidades e à sua análise crítica em Portugal, sugerindo uma relutância em desafiar o patriarcado e desconstruir masculinidades hegemónicas.
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Movimentos feministas glocais: ações de resistência nas redes e nas ruas
In G. Borges, R. A. Grácio, & O. Ribeiro (Orgs.), Cidadania digital e culturas do contemporâneo (pp. 83-92). Grácio Editor.“Movimentos feministas glocais: ações de resistência nas redes e nas ruas” examina o movimento #MeToo como um exemplo-chave de ativismo feminista transnacional. Estes “novos” movimentos, que combinam ativismo digital e de rua, expõem as complexidades de estudar feminismos “glocais”, que operam tanto a nível local como global. As plataformas digitais contribuem para que os movimentos feministas atravessem fronteiras, partilhando histórias pessoais por meio de hashtags que ganham uma dimensão coletiva e internacional. Essa sinergia entre o ativismo online e de rua desafia normas patriarcais e amplifica vozes marginalizadas. O capítulo discute as nuances, o potencial e as limitações do movimento #MeToo na recuperação de vozes silenciadas e na luta contra o assédio e a violência sexual através da ação coletiva. A partir de uma lógica de conhecimento situado (Haraway, 1988, 1995), explora também o impacto local do movimento em Portugal, os seus desafios e as mudanças socioculturais que provoca.
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Feminismo Glocal no Ciberespaço: o Movimento 8M entre Brasil e Portugal
In L. Panke & A. E. Marquez (Eds.), Política y sociedad a la orden del día (pp. 11-22). BUAP.O capítulo apresenta uma análise netnográfica comparativa das redes sociais digitais das organizações que lideram a Greve Feminista no Instagram em Portugal (@rede8demarco) e no Brasil (@amb_feminista) entre janeiro e abril de 2021. A análise explora como as feministas de ambos os países utilizam as plataformas digitais para moldar a Greve Feminista e contribuir para um discurso feminista mais amplo, destacando as particularidades, semelhanças e diferenças nas suas abordagens. Adicionalmente, o capítulo reflete sobre a quarta onda do feminismo, examinando as dimensões transnacionais e interseccionais dos movimentos feministas portugueses e brasileiros e a sua expressão no contexto da Greve Feminista.
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Communicating for change: strategies used by Portuguese feminists groups – Success and challenges
In E. Oliveira & G. Gonçalves (Eds.), The normative imperative: Sociopolitical challenges of strategic and organizational communication (pp. 265-275). LabCom Books.O capítulo analisa as estratégias de comunicação adotadas pelos movimentos feministas portugueses, dando destaque ao papel e à eficácia das redes sociais e dos espaços digitais nas suas atividades. No contexto do panorama sociopolítico e cultural português – moldado pelas influências persistentes de uma longa ditadura e de um conservadorismo predominante –, o estudo procura explorar como os grupos, associações e coletivos feministas se relacionam com a esfera pública. A análise aborda questões-chave, como as resistências que esses movimentos enfrentam, a natureza da cobertura mediática que recebem, a sua capacidade de influenciar o discurso público e os mecanismos através dos quais divulgam as suas agendas.
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Challenges of the Intergenerational Feminist Movement(s): Some Reflections
In Q. Gao & J. Zhou (Eds.), Human Aspects of IT for the Aged Population. Design, Interaction and Technology Acceptance: 8th International Conference, ITAP 2022, Held as Part of the 24th HCI International Conference, HCII 2022, Virtual Event, June 26 – July 1, 2022, Proceedings, Part I (pp. 265–275). Springer.Este artigo centra-se no(s) movimento(s) feminista(s) atual(is) e nas controvérsias que tendem a permear as noções de “ondas” e “(inter)gerações”. Insere-se no âmbito dos estudos feministas dos media, visando adotar uma abordagem que pretende analisar os ativismos feministas e as suas estratégias de comunicação, incluindo media convencionais e alternativos, bem como os espaços de interação digitais e offline. Ao longo da história, os movimentos feministas realizaram diversas manifestações em todo o mundo. O feminismo tem-se afirmado desde o século XIX, e as suas lutas têm vindo a evoluir, com estudos atuais a indicar a existência de três “ondas” do movimento feminista, cada uma correspondendo a diferentes demandas e conquistas de direitos para as mulheres. Alguns estudos, porém, preveem o aparecimento de uma quarta “onda” do movimento feminista, marcada pelo mundo digital, demandas transnacionais, interseccionalidade, uma abordagem intergeracional e a inclusão de novas agendas e repertórios de ação.
Neste artigo, questionaremos a narrativa da “onda” para explicar o processo de origem e evolução do movimento feminista e os desafios dos movimentos feministas intergeracionais na atualidade. Esta é uma reflexão crítica, ancorada na literatura científica internacional, que interliga o ativismo feminista com a esfera da comunicação (online e offline) e os media. Incluiremos também exemplos de movimentos/iniciativas/protestos/projetos feministas que demonstram a importância de falar e compreender o que a ideia de “feminismos intergeracionais” pode significar e quais são os seus impactos nas estratégias de mobilização em diversos espaços e plataformas.
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